Embaixada da Austrália e ONU Mulheres são recebidas na Casa da Cultura em encontro inédito na Baixada Fluminense
Um dia para ficar na história. O encontro “Violências Cotidianas Sofridas pelas Mulheres da Baixada Fluminense – Um olhar sobre a violência doméstica e de gênero” realizado hoje (30/04) pela ONG Casa da Cultura na Baixada marcou o dia Nacional da Mulher e dia da Baixada Fluminense. Pela primeira vez a Embaixada da Austrália e a ONU Mulheres estiveram na região. As lideranças trocaram experiências e debateram soluções para o enfrentamento as violências contra as mulheres.
Para a presidenta da Casa da Cultura, Maria Adelaide, “Esse encontro é o reconhecimento do trabalho que é feito na cidade, principalmente, na questão de gênero e na defesa das mulheres que são vítimas de violência. Vejo essa visita como uma possibilidade de estreitar uma parceria para cidadania e empoderamento das mulheres. Esse laço internacional é muito importante, pois dá visibilidade ao trabalho e as questões sociais”.
De acordo com a delegada da DEAM de São João de Meriti, Dra. Sandra Ornelas, “É com alegria que vejo o trabalho feito pela Casa da Cultura. O Rio é o estado brasileiro que tem os dados mais atualizados, apesar de não refletir a realidade pois os casos são subnotificados. Essa violência começa com o grito, o xingamento. Não consigo pensar em nenhuma mudança que não seja pela Educação. O diálogo e a capacidade de resposta do poder público é fundamental”, afirmou.
Segundo a representante da ONU Mulheres, Nadine Gasman, “Nós temos uma relação muito grande com o Rio, mas recebemos o convite da Casa da Cultura de conhecermos as mulheres da Baixada. Estamos felizes em participar deste encontro que marca o dia Nacional da Mulher. Não tenho dúvida que o empoderamento da mulher da Baixada é uma questão de resistência e de garantia de direitos. As violências que as mulheres da Baixada sofrem são cotidianas e exigem solução com um trabalho em conjunto. Temos que chamar a atenção do estado para garantia de direitos e enfrentamento às violência”, ressaltou.
A assessora de Gênero e Raça da Casa da Cultura, Leila, regina, afirma que a Baixada de hoje é um lugar que tem que haver mudanças para melhorar. “Quando falamos na região pensamos na falta de água, luz, comida e transporte de qualidade. Nesse sentido, as mulheres precisam pensar, cada vez mais, o direito à cidade. Com isso, temos que pensar as violências que as mulheres sofrem cotidianamente. Nós enfrentamos o sexismo nas repartições públicas e a violência da falta de representatividade. Qualquer projeto que cuide da violência tem que pensar na especificidade de gênero e raça, pois as mulheres negras ainda estão na base da pirâmide”, explicou.
O conselheiro e vice-chefe de Missão da Embaixada da Austrália, Quinton Devlin, apresentou o quadro da violência contra mulher australiana e o trabalho de referência que o país realiza neste campo. “Estamos muito felizes de estar conhecendo a região. Viemos na Baixada através do convite da Casa da Cultura para conhecer de perto a realidade das mulheres da região. Esse é um assunto muito sério e precisa de atenção das autoridades. Apresentamos o documentário “I’m a girl”, que retrata a realidade de meninas de diversos lugares do mundo. Queremos que as mulheres da Baixada se empoderem e sintam-se à vontade para retratarem as violências sofridas. Importante o trabalho das organizações que combatem as violências na região”, exaltou.
O fundador da ONG, Jorge Florêncio, agradeceu a visita e parabenizou o empenho da ONU Mulheres e da Embaixada da Austrália. “Trabalhamos há muitos anos no âmbito das violências cotidianas contra mulher. É de fundamental importância ter a presença aqui na região de duas organizações reconhecidas internacionalmente na área. A união de esforços permite um trabalho com êxito. Temos que agradecer a vinda de vocês e o excelente encontro”, falou.
A presidente da Casa de Cláudia – A Morada da Fé, Cláudia Mattos, defendeu uma união entre o poder público e organizações da sociedade civil para o enfrentamento às violências. “O governo precisa investir mais em parcerias com as instituições que tratam desse tipo de violência. Temos que nos unir para criar uma ponte com as mulheres agredidas. temos que ajudá-las a saírem de casa e terem a capacidade de denunciar”, defendeu.
Durante o encontro houve apresentação de Capoeira. Diversas tendas com oficinas de turbantes, exibição de cultura afro e indígena foram montadas. Além da exibição do documentário I’m a girl, que conta a realidade de meninas ao redor do mundo. Várias organizações dos movimentos sociais e gestoras públicas participaram do encontro.
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