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Nota de Repúdio – Médico anestesista estuprou a paciente no momento do parto

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Nota de Repúdio – Médico anestesista estuprou a paciente no momento do parto

A Casa da Cultura vem tornar pública a sua Nota de Repúdio pelo torpe e brutal gesto cometido contra um corpo fragilizado de mulher, num momento de cesárea. Um médico anestesista estuprou a paciente no momento do parto, com a naturalidade de quem já é experiente nesse procedimento.
Esse episódio aconteceu em nossa cidade, São João de Meriti, no Hospital da Mulher. Um caso chocante, que causa horror, que fere a liberdade das mulheres, já tão ameaçada, num dos momentos mais bonitos de suas vidas. Abusar sexualmente de uma mulher nessas condições, é submetê-la à tortura. É não respeitar o corpo sob seus cuidados. É não respeitar e valorizar a condição de mulher. Que tipo de ser é esse médico? Quantas outras mulheres passaram por esse tipo de tortura impetrada por ele? Esse médico atua a muitos anos nesse hospital, certamente, em outros também. Será que algum dia saberemos quantas mulheres ele torturou? Se foi percebido que ele colocava uma quantidade acima do recomendado de anestesia nas pacientes, porque a demora da denúncia? Uma miopia social generalizada sobre os direitos das mulheres. Isso sinaliza uma das questões mais cruéis do significado de ser mulher: as violências são cometidas com o aval da sociedade. Mudar isso, pode ser possível com atitudes como a que denunciou esse caso.
Estamos no mês das Mulheres Negras Latino Americana e Caribenha. Coisas como essa está na pauta das Mulheres Negras. Essa é uma das questões fundamentais: a luta contra a violência obstétrica, o acompanhamento familiar, a implantação das Doulas nos hospitais.
Repudiamos, que num momento de extrema vulnerabilidade, completamente indefesa, essa mulher tenha sido torturada por quem um dia fez um juramento solene de usar a arte da cura com honestidade, sem corromper os costumes ou favorecer o crime;
Repudiamos, a completa falta da ética e caráter desse médico, e a segurança hospitalar necessária, que resultou no resultado hediondo do estupro;
Repudiamos, a cultura da impunidade que, encoraja mais e mais torturadores, abusadores sexuais, às essas suas práticas, com a certeza de que sairão ilesos;
Repudiamos a cultura da neutralidade, que faz com que, pessoas que são sabedoras de um problema, desconfiam de determinadas situações, que poderiam salvar e proteger outras pessoas das violências, se calam, lavam as mãos. Reconhecemos a coragem de quem teve essa iniciativa nesse momento, embora tenha sido necessário gravar, porém, sabemos também sobre o peso do patriarcado, da hierarquia e do medo.
O torturador está preso, mas, é preciso pressionar para que se cumpra todos os dispositivos legais aplicáveis.
A Casa da Cultura repudia todo esse fato, se solidariza com a mulher torturada e abraça todas as outras que foram invisibilidades. É preciso parar com essas monstruosidades.

Casa da Cultura
Leila Regina Silva Soares
Gerente de Políticas de Gênero e Etnia


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