Aos nove anos, Derick Bryant já batia em panelas e caixotes para acompanhar as músicas de sua autoria. O talento fez com que evoluísse, aos 12 anos, para o beatbox, a arte de imitar sons com a boca. Mesmo talentoso, demorou para descobrir um caminho mais profissional.
“Passei muito tempo trabalhando e estudando e não tinha tempo para mim. Um tempo para o lazer. Vivia no automático. Em alguns momentos, pensava em trabalhar com música, mas ficava com medo de não conseguir e ficar desempregado”, lembrou.
Foi preciso a indicação e incentivo de um amigo para Derick conhecer o Programa Cultura de Direitos. Quando soube da oficina de percussão, não pensou duas vezes.
“Faltava essa iniciativa, este ‘start’ para eu encontrar um curso de percussão. Sempre tive vontade de tocar um instrumento. O primeiro dia de aula foi uma alegria muito grande. Uma identificação sem tamanho”, comentou.
Para quem só tinha intimidade com o violão, por influência do pai, em três meses, Derick já tocava 20 instrumentos. Em alto nível.
“Lembro da desconfiança dos meus pais quando cheguei em casa anunciando a minha vontade de fazer faculdade de Música. Minha mãe alertou para as dificuldades de emprego de um músico e pediu que eu pensasse melhor. Algumas semanas depois, eu cheguei em casa tocando pandeiro e tamborim. Era o que faltava para ganhar o apoio da família”, disse, orgulhoso.
Os planos com a música vão além de apresentações em conjuntos musicais. Derick sonha em dar aula em faculdades.
“Gosto muito de explicar para alguém como gerar determinado ritmo. Isso não tem preço. Descobrir e incentivar novos talentos faz parte dos meus projetos”, adiantou.
Derick Bryant lembrou de alguns alunos da oficina de percussão que tiveram suas vidas transformadas.
“Muitos adolescentes que estavam no mau caminho, devido à falta de oportunidade de estudar e trabalhar, encontraram motivo de sobra para buscar novos rumos na vida. Isso tudo com a música. Sem falar das oficinas de mídias sociais, vídeoarte, capoeira, entre outras, que resgatam as pessoas para o bem e as colocam em outra realidade, passando a sonhar com uma vida melhor. Isso aqui não tem preço. E não tem mesmo. É tudo de graça”, brincou.
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