Em tempos de Pandemia do novo coronavírus, o abismo social alarga, mata e viola direitos fundamentas de nossas crianças e adolescentes. Quando nos deparamos com o caso como o da menina de 10 anos grávida em decorrência do estupro cometido pelo próprio tio, enxergamos nitidamente que o dever de zelar pelos direitos não pode ser papel apenas da família, tendo em vista que, grande parte dos casos de violação de direitos são por parte de pessoas com algum grau de parentesco.
Sendo assim, é preciso um trabalho em rede: Família, Escola, Estado. Ou seja, toda sociedade é responsável por garantir que nenhum desses sejam negligenciados. Não podemos esperar só a família, pois muitas das vezes, nela se encontra o violador. É necessário construir uma cultura de educação sexual, informando e formando nossos pequenos do que não pode ser feito com os corpos deles, precisam estar cientes de quais atitudes não podem ser tomadas e de como identificar um abusador.
As escolas têm um grande desafio de sensibilizar e capacitar seus profissionais a identificar casos de alunos que estejam sofrendo algum processo de violência. Que seja desconstruída a falácia fundamentalista de que educação sexual é ensinar a praticar o ato sexual, mas sim orientar de como identificar um possível ato abusivo.
Nossas famílias também precisam quebrar os tabus sexuais e conversar desde cedo sobre os órgãos de cada sexo, de como se chama, de onde pode e não ser tocado e de como pedir ajuda.
O Estado tem a obrigação de não só acolher uma criança violentada, como de fomentar políticas públicas eficazes de combater, prevenir e enfrentar toda e qualquer forma de violação de direitos das crianças e adolescentes.
O isolamento social criou uma grande lupa para os problemas que enfrentamos em nossa sociedade, problemas que já vivamos antes, mas que foram profundamente gravados. Não podemos fechar os olhos, não podemos nos abster, se você identificar, suspeitar ou presenciar alguma situação violenta, denuncie, DISQUE 100. Você pode salvar uma vida que não sabe se defender sozinha!
Pedro Rodrigues
Conselheiro Tutelar – São João de Meriti – 2020
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